domingo, fevereiro 02, 2014

SeaMe...not!

O SeaMe é uma peixaria moderna. Logo, o peixe devia ser a especialidade. Devia... mas não é.
Claro que não experimentei a carta toda mas começámos com vieiras com tártaro de manga. Conclusão: porque carga de água é que alguém junta vieiras com manga?!?
Também experimentámos o carpaccio de atum. Era sashimi com um empratamento diferente.
E agora começa a aventura.
Enquanto aguardávamos a chegada do robalinho recheado com presunto e os filetes de Veja com arroz de tomate, serviram-nos uma selecção de sashimi. Recusámos o prato... não tínhamos pedido sashimi. O prato voltou para a cozinha.
Já estávamos há meia hora à espera.
Com as nossas bebidas na mesa (um copo de vinho branco e uma imperial), chega-nos uma garrafa de rosé. Que também não tínhamos pedido. Afinal, desta vez foi só má pontaria. Era para a mesa do lado. E percebe-se a confusão com as mesas porque estão separadas por uma distância de 10 mm. Há tanta informação da mesa da direita e da mesa da esquerda que qualquer cuscovilheira profissional consideraria esta distância contra-producente. As queixas do trabalho da mesa da direita confundiam-se com o relato histérico da viagem a Nova Iorque da esquerda. Não há concentração que resista.
Passada outra meia-hora, chega o robalinho, cozinhado demais, seco... Nem a gordura do presunto o safava de tanto tempo a cozinhar. O presunto não estava seco... estava ressequido!
Os filetes sabiam a filetes. Não é mau... podiam vir a nadar em óleo mas estavam sequinhos. Tão sequinhos como o arroz de tomate.
Entretanto, passavam pregos para todo o lado. Um lombo alto entre duas fatias igualmente altas de bolo do caco. Os vizinhos do lado esquerdo pediram pregos. Uma das funcionárias trouxe dois. Um dos pregos foi para a mesa do lado e o outro foi para o casaco do turista da mesa de trás. Sorte do sr. que regressa à sua terra com uma generosa nódoa no seu blazer de tweed.
Quando a funcionária regressa com um novo prego, os vizinhos comentam:
- Vocês hoje não acertam com o sal. Primeiro foi nas vieiras e agora o prego está salgadíssimo!
Há pessoas ingratas! Eles são é generosos! E são tão generosos que se pedirmos uma Maria Bolacha vem café ao lado. E essa quantidade generosa de café deve estar lá para compensar a ausência total do vinho do Porto que prometiam na ementa. Levamos um copo cheio de chantilly com pedaços de bolacha Maria por baixo. E isto é um problema porque se regarmos o chantilly com o café... fica líquido. Se regarmos as bolachas com café, ficam papa. Se calhar, neste caso específico, a lógica DIY não funciona. Que tal porem o cafézinho onde entenderem e servirem-nos a sobremesa já preparada?
E 3 horas depois de nos sentarmos numas cadeiras concorrentes ao prémio das mais desconfortáveis de Lisboa, podemos finalmente pagar uma conta digna dum restaurante bom. Mas só a conta...
Se calhar o erro foi nosso. Se calhar só o sushi é que é bom. Se calhar é melhor pedir marisco... Mas eu não gosto de marisco - exceptuando as vieiras, claro, que deixavam a desejar.
O que eu sei é que estava uma fila de mais de 10 pessoas à espera. Se estão a repetir a experiência, são masoquistas. Se é uma estreia, vão sair arrependidas.