sábado, dezembro 06, 2014

O turismo de carneirada

O turismo de carneirada é uma modalidade que só descobri este ano mas tenho muita pena de não a praticar desde sempre. Não estou a falar de viagens organizadas nem das visitas guiadas por uma senhora de chapéu de chuva fechado e espetado no ar.
Estou a falar daqueles passeios turísticos que fazemos sozinhos ou com o(s) nosso(s) companheiro(s) de viagem mas que chega sempre a um impasse numa certa altura. Sigo em frente, vou para a esquerda? Ou para a direita? Ai que agora já não há setas para a atracção turística. Saco do mapa ou do smartphone? Nada disso!!! Sigam a carneirada. Não tem nada que enganar. Se virem pessoas com mochila ou máquina fotográfica em punho, sigam-nos.
E porque é que esta técnica não falha? Porque quando estamos numa zona turística, vamos inevitavelmente estar rodeados de outros turistas. É altamente improvável sermos os únicos turistas num sítio destes. Se seguirmos a carneirada vamos sempre encontrar a atracção turística que procurávamos. Se forem preguiçosos, conseguem fazer uma viagem inteira sem comprarem um guia nem descarregarem uma aplicação turística.
É a preguiça a dar frutos.
Não é que eu não goste de andar perdida. Já descobri uns tesourinhos bastante interessantes por me perder. Os jardins do Senado em Praga (Wallenstein Garden) são muito interessantes mas não os descobriria se tivesse seguido a carneirada . Nem a minha casa de chá preferida (U Zeleneho Caje). Nem a entrada duma auto-estrada em Estocolmo (esta era escusada).

sábado, novembro 29, 2014

Cavaco, o director comercial daqui do estaminé

Cavaco Silva, que nalguns meios é conhecido como Presidente da República de Portugal, foi fazer venda a retalho aos Emirados Árabes Unidos.

Ontem, no Dubai, o Sr Aníbal Silva fazia o rol dos seus melhores produtos: "Portugal completou com sucesso um programa de privatizações, mas ainda há mais ativos pendentes, entre eles a companhia aérea, é um tema que está em cima da mesa agora".

Isto, em linguagem de retalhista, é o mesmo que dizer "Olhe, tenho aqui uns tecidos de primeira qualidade em promoção. Já vendemos o cetim mas ainda temos um algodão brocado que faz uma toalha linda."

Pronto, é isto. O que muda é só o produto.

sábado, novembro 08, 2014

Como identificar um turista em Lisboa

Como em qualquer grande cidade, é muito fácil distinguir os turistas dos locais. Viram como considerei Lisboa uma grande cidade? É mesmo assim!
Aqui vão alguns pormenores que denunciam um turista porque nenhum Lisboeta faz isto:

- Usar ténis de desporto com calças de ganga.


- Tentar jantar fora às 18h30.

- Usar um vestido de noite para jantar fora às 18h30.

- Usar saltos altos no Bairro Alto.

- Entrar num restaurante às 15h30 num fim-de-semana e pedir só e apenas um sumo ou um chá.

- Pedir chá no final da refeição em vez de café.

- Parar a meio dum lance de escadas para olhar para o mapa ou o guia turístico (com 20 pessoas atrás deles), parar no meio da Avenida Garrett, parar a meio duma passadeira para tirar uma foto, parar no meio de... Os turistas param nos sítios mais inconvenientes e mais repletos de gente.

- Pedir uma caneca de cerveja em vez duma imperial.

- Ficar bêbado depois de duas canecas de cerveja.

- Sentar-se numa esplanada da Rua Augusta.

- Tirar fotos com um tablet.

- Tentar comunicar em castelhano com os Portugueses mesmo não sendo espanhol.

- Demorar 10 minutos na máquina do Metro a tentar comprar/carregar um Lisboa Viva.

- Esperar que o sinal dos peões fique verde antes de atravessar mesmo que não haja carros num raio de 3 km.

sábado, outubro 25, 2014

Quão difícil pode ser?

Quando alguém quer chamar o elevador e prime ambos os botões.


É preciso tirar um curso?!?!? Prime-se a seta para cima se quisermos subir e prime-se a seta para baixo se quisermos descer. DUH!

sábado, outubro 18, 2014

Ditados populares com gatos

A whiskas dadas não se olha o prazo.


A miar é que a gente se entende.



A necessidade aguça as unhas.



A sardinha mal guardada, faz o gato ladrão.



A felpudez faz a força.



Águas passadas não dão banho ao gato.


Com patas felpudas não se apanham moscas.



Deitar cedo e cedo erguer dá sono e faz-me dormir.


Quem mia, seu mal espanta.


Quem tem medo, compra um cão. Quem não tem, arranja um gato.


sábado, outubro 11, 2014

Se nunca passaste por isto... Parabéns, és tu a lesma!

Quando vai uma lesma à nossa frente, não a conseguimos ultrapassar e depois passa no amarelo e nós ficamos parados no vermelho:



sábado, outubro 04, 2014

A justiça da comédia

Os actores profissionais (aqueles que chegam mesmo a estudar artes dramáticas ou teatro) queixam-se que os papéis na televisão são dados a modelos.
Vejamos, por exemplo, a grande escola de actores que foi a série "Morangos com açúcar". Os palminhos de cara com corpinhos tonificados tornaram-se protagonistas de novela da noite e até fizeram teatro.
Na prática, quem quer ser actor tem mais probabilidade de sucesso se começar numa agência de modelos do que numa escola de teatro.
Se for filho ou aparentado doutro actor não precisa de tentar a sorte numa agência de modelos que a família também pode ser uma boa porta de entrada.
Mas no que toca à comédia não há carinha laroca nem família de artistas que valha. E aqui está a justiça da comédia. Ou se tem piada ou não se tem. Não interessa que tenha um corpo escultural se abrir a boca e ninguém esboçar um sorriso. Também não interessa ser filho dum grande actor ou actriz se não tiver piadinha nenhuma.
Na comédia vence quem tem mérito e ter mérito é ter a capacidade de nos por a rir. Vão lá ao canal Q ver quem tem perfil de modelo.
Ok... no que toca a familiares, está lá a irmã do Nuno Markl... mas porque tem tanta piada como ele e é uma das estrelas do canal.
Portugal devia ser como o pequeno mundo da comédia em todas as áreas. Só há lugar para os melhores independentemente do aspecto e da família. E quando os melhores deixam de o ser... substituem-se.... O grande Herman José, que foi tão grande que continuamos a usar frases dos seus sketches mais de 10 anos depois, perdeu muita da piada que tinha e, consequentemente perdeu os programas em horário nobre. Outros o substituíram que, quando perderem a piada, serão também substituídos.

quarta-feira, setembro 17, 2014

Zomato

O zomato quer receber feedback dos seus utilizadores. Então aqui vai.

Vamos começar pelo que gosto:
- As ementas. Às vezes vamos a um restaurante ou pastelaria e quando lá chegamos, concluímos que não têm nada que nos apeteça particularmente. Ver a ementa antecipadamente, ajuda muito a decidir e evita desilusões!
- Wishlist. Dá tanto jeito! Já não me esqueço dos nome dos restaurantes onde quero ir.
- As campanhas de marketing. São sempre muito divertidas:




E agora aquilo que poderiam melhorar:
- O tamanho das fotos. Quando tiro uma foto enquadro-a no telemóvel, mas o tamanho das fotos no Zomato é demasiado pequeno e muitas vezes não apanha a refeição ou o prato todo. Isto acontece quando adicionamos uma foto a uma opinião. Quando adicionamos apenas fotos, já dá para enquadrar melhor apesar de ficarem sempre mais pequenas. Provavelmente por ficarem quadradas.

 Foto original:



Foto no Zomato:



- Devia ser necessário colocar a data da visita ao restaurante quando se escreve uma opinião. Eventualmente, muitas opiniões são escritas com base em visitas feitas há muito tempo e podem estar completamente desactualizadas, o que acaba por afectar a exactidão da opinião. Bastava o mês e o ano.

- Tenho algumas críticas/sugestões quanto às colecções. A colecção fado parece-me mais indicada para turistas, Se o Zomato está mais vocacionado para as opiniões dos locais, o fado é capaz de não ser uma colecção muito relevante. Tenho que ressalvar, contudo, que eu não gosto de fado por isso, esta opinião pode estar toldada pela minha embirração.
A colecção caracóis de corrida devia ser substituída. Se a época dos caracóis é nos meses sem "r", então já está na altura de actualizar para... quem sabe... cozido à Portuguesa! Outra colecção que poderiam criar seria o Top Zomato com os restaurantes com avaliações mais altas.

domingo, setembro 07, 2014

Ever heard of homebanking?

Quando tenho alguém à minha frente na fila do Multibanco que decide pagar as contas.



Se fosse alguém de 60 anos... mas era uma pessoa com menos de 30!

Eu, quando peço que me enviem uma informação por e-mail e, em vez de fazerem um print screen, tiram uma foto ao ecrã com o telemóvel e anexam ao e-mail.




sábado, agosto 16, 2014

Lisboa em Agosto

Não gosto de tirar férias em Agosto. Gosto de ficar por Lisboa.
Há lugares para estacionar em todo o lado, não há trânsito, não há quase ninguém a trabalhar, há mesas em todos os restaurantes... É uma paz!
Mas por um lado, ainda bem que é só em Agosto porque se Lisboa fosse esta pasmaceira durante todo o ano, acabava por se tornar um tédio. Assim, consigo dar valor a este ritmo lento sem me fartar.
Consta que o Algarve está a abarrotar. Acredito... Além dos Lisboetas, deve estar lá metade da população do resto do país.
Mas para compensar, Lisboa está cheia de turistas. Como não vivo na zona turística não dou conta da enchente mas basta ir à Baixa para ver que os tugas foram substituídos por estrangeiros. Espanhóis, Britânicos e Franceses por todo o lado. Ah e tal, eu sei que é fantástico termos turistas a consumir e a pagar-nos IVA, os hóteis cheios, etc. Mas não podiam ter feito uma pausa em Agosto?

domingo, agosto 10, 2014

Há hamburguers com muita carne mas pãozinho do bom está mais escasso

Ultimamente, cada espaço de restauração que abre é uma hamburgueria qualquer coisa. Na João XXI, até o restaurante chinês se tornou uma hamburgueria.
E depois há o Honorato, e há a Hamburgueria do Bairro, e há a Hamburgueria Gourmet e a Hamburgueria da Parada...
Só não há é pãozinho do hamburguer tostadinho. E isso, meus amigos, é fundamental. Já não falo do pequeno pepino em pickle. Só peço que tostem a parte do meio do brioche. É tão simples e faz toda a diferença. Acreditem!

sábado, junho 14, 2014

Os tugas precisam de uma sessão de terapia de grupo

Portugal gosta de quebrar recordes do Guiness com o maior cozido à Portuguesa do Mundo e outras inutilidades afins.
Mas sabem mesmo o que é que era útil? Quebrar o recorde do Guiness da maior sessão de terapia de grupo. Provavelmente, a dimensão desta sessão teria repecussões negativas na sua eficácia, mas lá que era útil, era!
A falta de auto-estima e complexo de inferioridade tuga é patológico. Sabem aquela pessoa de quem toda a gente gosta e é completamente consensual porque é demasiado tímido para contrariar os outros e é tão simpático que chega a ser servil? Essa pessoa representa o típico tuga perante os turistas estrangeiros.
Quando chegamos ao Algarve, parece que mudámos de país. Os cafés servem english breakfast, alguns quadros com a indicação da ementa só estão escritos em inglês, há jornais e revistas britânicos em todas as papelarias, os quartos de hotel só têm livros em inglês, toda a animação é direccionada ao turista britânico.
Paris é a cidade mais visitada do Mundo. Provavelmente a nacionalidade mais comum dos turistas é americana, mas não é por isso que os franceses falam inglês. Aliás, em muitos sítios, por mais turísticos que sejam, os funcionários só falam francês.
Em Itália, é bom que se desenrasquem em italiano ou linguagem gestual. Encontrar alguém que fale inglês é uma aventura. Não é por isso que deixa de ser um dos principais destinos turísticos na Europa...
E os espanhóis? Falar qualquer língua que não seja espanhol em Espanha, é uma garantia de mal-entendidos.
E, curiosamente, o turismo não se ressente por causa disso. E, se o Algarve mantivesse a sua identidade tuga, não perderia turismo. Os turistas vão para o Algarve porque as praias são fantásticas e é barato. E continuarão a ir mesmo que o Algarve deixe de ser uma colónia britânica estival. Aliás, já li críticas de turistas de outras nacionalidades (alemães e holandeses) a queixarem-se que está tudo demasiado direccionado para o turismo britânico.
Esta falta de auto-estima provinciana precisa urgentemente de um terapeuta. 
Receio que, sem uma boa dose de terapia, possa haver um suícidio colectivo do Português e toda a gente passe a falar exclusivamente inglês Mourinho!

sábado, junho 07, 2014

Zomato

Tenho um novo vício, o Zomato. É uma rede social para foodies. Damos classificações a restaurantes, tiramos fotografias à comida (sim, já podem parar de por fotos de comida no Facebook e no Instagram) e escrevemos críticas.
Cá para mim, aquela profissão ridícula de crítico gastronómico tem os dias contados. Onde é que já se viu ser pago para comer?!?!? E pior, ser pago para comer em bons restaurantes mas armado em esquisitinho e picuinhas? E depois, escrever a sua opinião como se fosse um cronista, mas com uma obsessão por comida... Simplesmente ridículo. Ninguém merece tanto sofrimento! É que os críticos gastronómicos não têm um sindicato nem uma Ordem dos críticos. Quem é que defende os seus interesses? Ser pago para comer envolve um risco de AVC altíssimo, colesterol elevado, problemas de fígado, excesso de peso... uma panóplia de problemas de saúde. Sim, ser crítico gastronómico é uma profissão de risco e não pode estar tão concentrada em tão poucos profissionais. O Zomato vem resolver isso.
Antevejo um futuro em que as estrelas Michelin são atribuídas com base no Zomato e no Trip Advisor!
Aproveito ainda para dizer que vou deixar de escrever sobre restaurantes no blog. Apesar de um dos posts mais lidos ser o da Pizaria do Avillez, o Zomato agora tem a minha exclusividade.

(Depois desta notícia bombástica, tinha alguma esperança de ouvir uma exclamação de desilusão mas, estranhamente nem oiço grilos...)

sábado, maio 31, 2014

Shame on you, Seguro!

Seguro não se demite mas abre possibilidade de uma liderança a dois no PS - Política - Jornal de Negócios

Depois desta notícia, a minha imagem de António José Seguro é esta:





Larga Tozé! Não, Tozé, largaaaaaaaaaaaaaaa!

Tão triste... Ser desesperado e agarrado ao poder é tão feio!

Sim, Tozé, nós percebemos que não fizeste mais nada na vida senão dedicares-te ao partido e, muito provavelmente, a tua carreira política acabou de atingir o auge e daqui para a frente é sempre a descer, mas o desespero é tão mau! Sim, Tozé, apostaste tudo no mesmo cavalo e o bicho é coxo (sim, o cavalo és tu, Tozé). Mas certamente encontrarás outros cargozitos no aparelho partidário. Uma Câmarazinha Municipal (se alguém te eleger), o lugarzinho na Assembleia da República...

Sim, tu és um privilegiado, Tozé. Há muita gente, bem mais competente que tu, que não chega a deputado.

Ah e tal, o pessoal já não te curte e agora querem outro secretário-geral. Pois... choramos contigo, Tozé, mas vai lá à tua vidinha e deixa o lugar livre para o próximo.

Logo se vê se será tão mau como tu tens sido. Mas, se não desamparares a loja, o pessoal vai ter de te despejar e, mesmo que o próximo seja tão mau como tu, já ninguém te vai curtir, Tozé. Baza!

sábado, maio 24, 2014

Abstenção não é revolta, é desinteresse!

Amanhã há Eleições Europeias e já li imensas intenções de abstenção como "voto" de protesto.
Metam na cabeça, de uma vez por todas, que a abstenção não pode ser interpretada como protesto. Aliás, a abstenção pode ter tantas razões que não pode ser interpretada: está sol, está chuva, foi atropelado a caminho do local de voto, esqueceu-se que havia eleições, deixou tudo para a última hora e apanhou a mesa de voto fechada, não quer saber de nada e se vivesse numa ditadura era indiferente, não concorda com a partidocracia, é anarca, imigrou mas continua a votar em Portugal, entrou em trabalho de parto ao sair de casa para votar, apanhou salmonelas e não consegue sair da casa de banho...
As hipóteses são tantas que o abstencionista não pode esperar que se use uma bola de cristal para se dividir a abstenção em abstenção dos preguiçosos e abstenção de desiludidos e revoltados.
O voto em branco é o voto de protesto. É ir lá demonstrar que nenhum dos Partidos serve, que não há nenhum que represente o eleitor.
Por isso, vão lá e votem. Seja num partido ou seja em branco... Mas votem! Se não votarem, é só a democracia que perde.

domingo, março 30, 2014

Peixinho gourmet, não?

Como já toda a gente reparou, a comida agora é toda gourmet. Temos pregos gourmet, padarias gourmet, tascas gourmet, pastelarias gourmet, mercearias gourmet, leitarias gourmet, hamburguerias gourmet, qualquer porcaria é gourmet independentemente de ser mesmo gourmet ou uma invenção pretenciosa intragável! Qualquer dia, até temos roulotes a venderem sandes de torresmos gourmet!
Mas peixarias que é bom, está quieto. Em Lisboa, há uma meia dúzia! Quem quer peixe tem de ir ao supermercado ou acordar suficientemente cedo para ir ao mercado (ou à "praça" como diz a minha avó).
As peixarias aqui do Areeiro e Alvalade fecharam. Possivelmente porque toda a gente passou a comprar peixe nos hipermercados... Se fecharem o mercado de Alvalade também, está o caldo entornado!
Em Paris não é assim. E se há sítio verdadeiramente gourmet é a capital da França! Aliás, a própria palavra gourmet tem origem francesa. E sabem o que é que há em Paris? Peixarias! Em todo o lado! Há a loja na rua, há a banca na feira de domingo, há peixe fresco e mariscos em cada esquina e não estão dentro duma grande superfície comercial qualquer.
Querem armar-se em gourmets? Abram uma peixaria! Não é difícil... Basta terem peixinho fresquinho e um espaço lavadinho. Se acharem que ainda convence alguém, chamem-na peixaria gourmet... Pode ser que também atraia os wannabes...

domingo, março 09, 2014

O meu Facebook mostra-me como é possível tornar o Dia da Mulher, ridículo!

Hoje é dia da Mulher. Não é o dia da esposa, não é o dia da mãe, não é o dia da gaja com umas pernas giras nem o dia dos ramos de flores. É o dia da Mulher!
E o dia da Mulher pretende prestar homenagem às heroínas que se revoltaram e lutaram por melhores condições de trabalho. Serve para celebrar as conquistas das mulheres na luta pela igualdade.
Por isso, dar florzinhas à esposa que passa a vida a desempenhar tarefas domésticas e a criar os filhos sózinha porque o marido não mexe uma palha em casa, é rídiculo. Isso não é homenagear a fêmea da casa, isso é relembrar porque é que ainda é preciso existir um dia da Mulher.
O problema é que a própria esposa aprecia este gesto e até vai contar às amigas que o inútil preguiçoso de lá de casa, é tão bom marido, que passou o dia no sofá mas teve a sensibilidade de apanhar uma flor do canteiro da vizinha quando foi ao café enquanto ela lavava a loiça do almoço que cozinhou durante 2 horas! Que bom homem! Há fêmeas de sorte!
Já dizia Simone de Beauvoir, "O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos".
Resumindo e concluindo (foi fácil e rápido): O dia da Mulher é frequentemente celebrado pelas razões erradas. Ser Mulher não é ser esposa, não é ser mãe, não é ser doméstica e muito menos um objecto sexual. Ser Mulher é ser uma pessoa que deve ter a liberdade de optar por ser qualquer uma dessas coisas... ou nenhuma delas... sem ser descriminada por isso.
Pronto... confesso que não consigo colocar as domésticas em pé de igualdade com quem tem emprego, mas um dia destes escrevo sobre isso.

sábado, março 01, 2014

Gostava de ver um programa de culinária em que o chef fosse honesto

Em todos os programas de culinária, os chefs provam os pratos que acabaram de fazer e dizem-nos que estão perfeitos, fantásticos, saborosos, divinais e mais uma série de adjectivos que se podem aplicar a comida.
O que eu adorava era ver um cozinheiro provar o prato que tinha acabado de fazer e dizer:
- Xiiiiiiiiii! Que horror! Está completamente insonso. Esqueci-me do sal.
Ou mesmo:
- Esqueçam. Não experimentem esta receita. Está horrível!
Acham mesmo que nós acreditamos que ninguém se engana no mundo da culinária? Acham mesmo que  os suspiros ficam fantásticos com uma toranja tão amarga que faz as lágrimas virem aos olhos?
Para mim, no dia em que um cozinheiro admitir na televisão que acabou de fazer um prato intragável, os programas de culinária vão ganhar muito mais credibilidade.

domingo, fevereiro 02, 2014

SeaMe...not!

O SeaMe é uma peixaria moderna. Logo, o peixe devia ser a especialidade. Devia... mas não é.
Claro que não experimentei a carta toda mas começámos com vieiras com tártaro de manga. Conclusão: porque carga de água é que alguém junta vieiras com manga?!?
Também experimentámos o carpaccio de atum. Era sashimi com um empratamento diferente.
E agora começa a aventura.
Enquanto aguardávamos a chegada do robalinho recheado com presunto e os filetes de Veja com arroz de tomate, serviram-nos uma selecção de sashimi. Recusámos o prato... não tínhamos pedido sashimi. O prato voltou para a cozinha.
Já estávamos há meia hora à espera.
Com as nossas bebidas na mesa (um copo de vinho branco e uma imperial), chega-nos uma garrafa de rosé. Que também não tínhamos pedido. Afinal, desta vez foi só má pontaria. Era para a mesa do lado. E percebe-se a confusão com as mesas porque estão separadas por uma distância de 10 mm. Há tanta informação da mesa da direita e da mesa da esquerda que qualquer cuscovilheira profissional consideraria esta distância contra-producente. As queixas do trabalho da mesa da direita confundiam-se com o relato histérico da viagem a Nova Iorque da esquerda. Não há concentração que resista.
Passada outra meia-hora, chega o robalinho, cozinhado demais, seco... Nem a gordura do presunto o safava de tanto tempo a cozinhar. O presunto não estava seco... estava ressequido!
Os filetes sabiam a filetes. Não é mau... podiam vir a nadar em óleo mas estavam sequinhos. Tão sequinhos como o arroz de tomate.
Entretanto, passavam pregos para todo o lado. Um lombo alto entre duas fatias igualmente altas de bolo do caco. Os vizinhos do lado esquerdo pediram pregos. Uma das funcionárias trouxe dois. Um dos pregos foi para a mesa do lado e o outro foi para o casaco do turista da mesa de trás. Sorte do sr. que regressa à sua terra com uma generosa nódoa no seu blazer de tweed.
Quando a funcionária regressa com um novo prego, os vizinhos comentam:
- Vocês hoje não acertam com o sal. Primeiro foi nas vieiras e agora o prego está salgadíssimo!
Há pessoas ingratas! Eles são é generosos! E são tão generosos que se pedirmos uma Maria Bolacha vem café ao lado. E essa quantidade generosa de café deve estar lá para compensar a ausência total do vinho do Porto que prometiam na ementa. Levamos um copo cheio de chantilly com pedaços de bolacha Maria por baixo. E isto é um problema porque se regarmos o chantilly com o café... fica líquido. Se regarmos as bolachas com café, ficam papa. Se calhar, neste caso específico, a lógica DIY não funciona. Que tal porem o cafézinho onde entenderem e servirem-nos a sobremesa já preparada?
E 3 horas depois de nos sentarmos numas cadeiras concorrentes ao prémio das mais desconfortáveis de Lisboa, podemos finalmente pagar uma conta digna dum restaurante bom. Mas só a conta...
Se calhar o erro foi nosso. Se calhar só o sushi é que é bom. Se calhar é melhor pedir marisco... Mas eu não gosto de marisco - exceptuando as vieiras, claro, que deixavam a desejar.
O que eu sei é que estava uma fila de mais de 10 pessoas à espera. Se estão a repetir a experiência, são masoquistas. Se é uma estreia, vão sair arrependidas.

sábado, janeiro 18, 2014

Os "soup nazis" de Lisboa

Lembram-se do soup nazi do Seinfeld?
- No soup for you. NEXT!
O senhor das sopas era uma besta mas conseguia manter a loja cheia porque as sopas eram deliciosas.
O episódio foi baseado em situações veridícas e o nazi das sopas original agradeceu a publicidade gratuita e agora até vende t-shirts a dizer "No soup for you". E, de facto, as sopas são deliciosas. Não são baratas... mas valem cada cêntimo: http://originalsoupman.com/
Em Lisboa também temos umas personagens com mau feitio na área da restauração.
Comecemos por uma família que já anda no negócio há muitos anos, os donos da Conchanata. Tratam os clientes como se os estivessem a incomodar e como se o trabalho deles fosse aturar gente a escolher combinações ridículas de sabores de gelado.
O dono não costuma confratenizar com a clientela porque é ele que faz os gelados, mas cada vez que aparece, inunda o espaço de mau humor. A sua esposa só não mete umas trombas maiores porque chegariam à porta e ficavam sem clientes de vez.
Há uns anos, uma das funcionárias que limpa as mesas, dirigiu-se à patroa para a informar que havia clientes que tinham tirado as cadeiras todas de algumas mesas e agora os outros clientes só tinham mesa e não tinham cadeiras para se sentarem. Enquanto me atendia, a patroa exclamou:
- Eu quero lá saber! Sentem-se no chão, sentem-se nos carros! Eu quero lá saber!
Fiz o meu pedido e, a partir daí, decidi que também já não queria saber da Conchanata. Não fazem gelados suficientemente bons para que seja tolerável aturar a estupidez dos donos.
Há precisamente uma semana assisti a uma situação semelhante. Jantei no  Le Petit Bistro. A comida é boa e o preço é justo mas, ainda assim, não é tão boa nem tão barata que me faça ignorar o mau feitio do Sr. Pascal.
Uma das pessoas que estava na minha mesa pediu mais vinho e o proprietário retorquiu:
- Se faz favor! Durante todo o jantar nunca me pediu se faz favor nem disse obrigado. Mais uma garrafa de vinho, se faz favor!
A pessoa visada ficou perplexa, defendeu-se argumentando que nunca tinha sido mal-educada na vida e, quando o vinho chegou, aproveitou a oportunidade para recuperar as oportunidades perdidas:
- Obrigada! Se faz favor, muito obrigada por favor. Obrigada se faz favor.
- Agora não é preciso - reclamou o sr. francês com aquela pronúncia que carrega os érres e soa sempre a música do Jacques Brel - Depois de eu lhe chamar a atenção, já não é preciso. Devia ter dito isso mas era antes de eu lhe chamar a atenção.
Ora, por mais razão que o sr. tivesse, se calhar ele ainda não percebeu que, quando se faz atendimento ao público, há sempre os educados, os mal-criados, os simpáticos, os arrogantes e os despistados. Vai haver todo o tipo de personagens e são essas personagens que deixam lá o dinheirinho que faz Le Petit Bistro manter-se aberto.
Esta personagem aqui diz todos os se faz favor e todos os obrigados E consigo dizê-los no compasso e no andamento certos sem me alertarem para aquele por favor que ficava uma oitava acima no compasso anterior e que me passou ao lado. Mas esta personagem não volta ao Petit Bistro.

sábado, janeiro 11, 2014

A homofobia convencida

Os preconceitos irritam-me. Irritarão certamente muitas pessoas. Mas quando se trata de homofobia, a estupidez bate novos recordes!
Há uma característica típica da homofobia que é o sentimento de superioridade do heterossexual pelo simples facto de ser heterossexual.
Sim, não importa que seja mal formado, desonesto, psicopata, burro, feio e mau. Desde que goste de mulheres, acha-se imediatamente superior a qualquer gay. Mesmo que esse gay tenha todas as qualidades que faltam ao heterossexual. A sua homosexualidade é tão importante que anula todas as suas qualidades e torna-o imediatamente motivo de chacota.
Esta atitude heterosexual ainda é frequente e o mais grave é que há adolescentes com esta mentalidade. Que os mais velhos não aprendam nada, já se espera... mas é triste ver que a nova geração mantém os mesmos preconceitos. Assim é difícil!
O meu irmão de 14 anos disse-me que se descobrisse que o seu melhor amigo era gay, deixava imediatamente de ser seu amigo.
- Porquê? - perguntei eu - Se tu gostavas dele antes de saberes que ele gosta de homens, o que é que muda por ele ser gay?
- Não posso falar com ele sobre raparigas... E depois ele ainda se atira a mim...
Expliquei-lhe que a escassez de temas de conversa dele era preocupante mas que ainda é mais preocupante que os heterossexuais, na sua superioridade se achem todos irresistíveis.
Mas porque carga de água é que ser gay significa ser desesperado e atirar-se a qualquer homem independentemente de ser heterossexual, feio, estúpido e mau? Até o heterossexual menos atraente e que não consegue nada com mulher nenhuma, acha que qualquer gay se vai atirar a ele.
Se formos bem a ver, a homofobia é igual ao racismo. Há um determinado grupo de pessoas que, por terem uma característica completamente aleatória se julga superior a um outro grupo que tem outra característica igualmente aleatória.
Sabem aquelas pessoas que têm o dedo mindinho torto? Horríveis! São uma aberração. Merecem ser alvo de toda a chacota. E aquela mania de se atirarem a pessoas com dedos mindinhos perfeitos e direitinhos? Não perecebem que as pessoas com dedos direitinhos estão way out of your league?
Foi estúpido? Foi tão estúpido como os heterossexuais acharem-se superiores aos homossexuais...

sábado, janeiro 04, 2014

2014 vai ser dramático ou simplesmente aborrecido?

Acabei de verificar que alguém tinha pesquisado por "2014 vai ser aborrecido" e veio parar aqui ao blog... Vá-se lá saber porquê...
Mas, já agora, vou escrever sobre isso.
2014 vai ser aborrecido se:
- Os bares do Bairro Alto continuarem a fechar às 03h;
- Os Gato Fedorento continuarem a fazer exclusivamente anúncios do Meo;
- Não abrirem mais restaurantes decentes de Dim Sum em Lisboa e continuarem a proliferar os sushineses;
- Continuar a encontrar muita gente a usar leggings como se fossem calças. Chamo a atenção, em particular, para as leggings às riscas largas verticais que são verdadeiras homenagens ao Obélix;
- As mulheres continuarem a ter filhos para "salvar o casamento". Vai ser aborrecido para elas e para o bebé... Não abram a pestana, não;
- Os ânimos continuarem animados em Istambul porque eu até gostava de lá ir;
- O FCP ganhar o Campeonato;
- Não parar de chover rapidamente porque não consigo secar roupa.
- O meu Facebook continuar inundado de selfies, self likes e actualizações de estado com frases vagas e enigmáticas a suplicar por comentários cheios de curiosidade.
- O Daniel Oliveira continuar a fazer entrevistas no Alta Definição. Pronto, ok, aborrecido não é o adjectivo ideal. Triste adequa-se melhor.
- A selecção Nacional não passar da fase de grupos no Mundial.

Agora aproveito para enumerar algumas das hipóteses que farão com que 2014 seja dramático:
- Se o tuga continuar a assistir, calmamente, às imbecilidades dos parasitas energúmenos que estão no Governo;
- Se o fluxo de emigração de jovens qualificados se mantiver;
- Se o IVA aumentar;
- Se o António José Seguro continuar a ser líder do PS;
- Se as empresas de sectores estratégicos do Estado forem privatizadas ao desbarato a empresas de países de 3º Mundo controladas por uma elite corrupta com o monopólio da riqueza do País inteiro... Angola?!? Porque é que acham que estou a falar de Angola?!?
- Se a TVI decidir fazer um Secret Story 5.