sábado, outubro 04, 2014

A justiça da comédia

Os actores profissionais (aqueles que chegam mesmo a estudar artes dramáticas ou teatro) queixam-se que os papéis na televisão são dados a modelos.
Vejamos, por exemplo, a grande escola de actores que foi a série "Morangos com açúcar". Os palminhos de cara com corpinhos tonificados tornaram-se protagonistas de novela da noite e até fizeram teatro.
Na prática, quem quer ser actor tem mais probabilidade de sucesso se começar numa agência de modelos do que numa escola de teatro.
Se for filho ou aparentado doutro actor não precisa de tentar a sorte numa agência de modelos que a família também pode ser uma boa porta de entrada.
Mas no que toca à comédia não há carinha laroca nem família de artistas que valha. E aqui está a justiça da comédia. Ou se tem piada ou não se tem. Não interessa que tenha um corpo escultural se abrir a boca e ninguém esboçar um sorriso. Também não interessa ser filho dum grande actor ou actriz se não tiver piadinha nenhuma.
Na comédia vence quem tem mérito e ter mérito é ter a capacidade de nos por a rir. Vão lá ao canal Q ver quem tem perfil de modelo.
Ok... no que toca a familiares, está lá a irmã do Nuno Markl... mas porque tem tanta piada como ele e é uma das estrelas do canal.
Portugal devia ser como o pequeno mundo da comédia em todas as áreas. Só há lugar para os melhores independentemente do aspecto e da família. E quando os melhores deixam de o ser... substituem-se.... O grande Herman José, que foi tão grande que continuamos a usar frases dos seus sketches mais de 10 anos depois, perdeu muita da piada que tinha e, consequentemente perdeu os programas em horário nobre. Outros o substituíram que, quando perderem a piada, serão também substituídos.

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