sábado, janeiro 18, 2014

Os "soup nazis" de Lisboa

Lembram-se do soup nazi do Seinfeld?
- No soup for you. NEXT!
O senhor das sopas era uma besta mas conseguia manter a loja cheia porque as sopas eram deliciosas.
O episódio foi baseado em situações veridícas e o nazi das sopas original agradeceu a publicidade gratuita e agora até vende t-shirts a dizer "No soup for you". E, de facto, as sopas são deliciosas. Não são baratas... mas valem cada cêntimo: http://originalsoupman.com/
Em Lisboa também temos umas personagens com mau feitio na área da restauração.
Comecemos por uma família que já anda no negócio há muitos anos, os donos da Conchanata. Tratam os clientes como se os estivessem a incomodar e como se o trabalho deles fosse aturar gente a escolher combinações ridículas de sabores de gelado.
O dono não costuma confratenizar com a clientela porque é ele que faz os gelados, mas cada vez que aparece, inunda o espaço de mau humor. A sua esposa só não mete umas trombas maiores porque chegariam à porta e ficavam sem clientes de vez.
Há uns anos, uma das funcionárias que limpa as mesas, dirigiu-se à patroa para a informar que havia clientes que tinham tirado as cadeiras todas de algumas mesas e agora os outros clientes só tinham mesa e não tinham cadeiras para se sentarem. Enquanto me atendia, a patroa exclamou:
- Eu quero lá saber! Sentem-se no chão, sentem-se nos carros! Eu quero lá saber!
Fiz o meu pedido e, a partir daí, decidi que também já não queria saber da Conchanata. Não fazem gelados suficientemente bons para que seja tolerável aturar a estupidez dos donos.
Há precisamente uma semana assisti a uma situação semelhante. Jantei no  Le Petit Bistro. A comida é boa e o preço é justo mas, ainda assim, não é tão boa nem tão barata que me faça ignorar o mau feitio do Sr. Pascal.
Uma das pessoas que estava na minha mesa pediu mais vinho e o proprietário retorquiu:
- Se faz favor! Durante todo o jantar nunca me pediu se faz favor nem disse obrigado. Mais uma garrafa de vinho, se faz favor!
A pessoa visada ficou perplexa, defendeu-se argumentando que nunca tinha sido mal-educada na vida e, quando o vinho chegou, aproveitou a oportunidade para recuperar as oportunidades perdidas:
- Obrigada! Se faz favor, muito obrigada por favor. Obrigada se faz favor.
- Agora não é preciso - reclamou o sr. francês com aquela pronúncia que carrega os érres e soa sempre a música do Jacques Brel - Depois de eu lhe chamar a atenção, já não é preciso. Devia ter dito isso mas era antes de eu lhe chamar a atenção.
Ora, por mais razão que o sr. tivesse, se calhar ele ainda não percebeu que, quando se faz atendimento ao público, há sempre os educados, os mal-criados, os simpáticos, os arrogantes e os despistados. Vai haver todo o tipo de personagens e são essas personagens que deixam lá o dinheirinho que faz Le Petit Bistro manter-se aberto.
Esta personagem aqui diz todos os se faz favor e todos os obrigados E consigo dizê-los no compasso e no andamento certos sem me alertarem para aquele por favor que ficava uma oitava acima no compasso anterior e que me passou ao lado. Mas esta personagem não volta ao Petit Bistro.

1 comentário:

Com Jeito e Arte disse...

Até apetece dizer: A crise passa ao lado do " Le Petit Bistro". Lembro-me de ouvir nos espaços comerciais do Chiado nos anos 60/70 a "velha" frase: "O cliente tem sempre razão... A restauração e outros espaços comerciais queixam-se da subida do IVA, mas parece não ser para todos...